Depoimentos


     O escritor Borges nos narra em “El Aleph” de ter sido protagonista de um acontecimento extraordinário. De fato, ele consegue obter uma visão de todas as coisas do mundo a partir de um ponto concreto de uma escadaria cadente numa velha cantina. Um lugar imaginário que ele chama de Aleph.
     “Cada coisa (...) representava infinitas coisas, nos garante, pois eu a descortinava separadamente dos demais pontos do Universo”. Mas, ao mesmo tempo, ele lastima o fato de que contrariando a sua visão contemporânea, a narração ainda seja uma continuação.
Compreendo a queixa do escritor, pois ele dispõe apenas das 24 letras do alfabeto e não de inumeráveis cores como um pintor, tipo o Monteiro
Cada obra de Júlio Monteiro assemelha-se um pouco a uma ”Abertura”, a uma fenda donde se projeta uma luz fulgurante que nos permite descobrir simultaneamente paisagens, lugares, coisa do mundo.
     Lugares “fantásticos” mas não inventados (porque o Monteiro é honesto com aquilo que vê), pois existem na nossa cidade, atrás do ângulo da nossa casa ou na nossa própria residência. Eles se transformam no diagrama e nós os admiramos como se fossem centenas de lugares e centenas de paisagens diversificadas.
     Confesso que não gosto muito de amostras. Gosto muito mais da aproximação interior e pessoal,das impressões ou da emoção que pode motivar um segmento de uma pincelada. E assim seja! Cada um faça suas avaliações ou observações pessoais, sem esquecer, porem, de salientar, por exemplo, que a marca da cor não é decisiva e estática, mais deixa os detalhes duvidosos.
     Cabe, portanto, à nossa inteligência descobri-los e misturá-los com as nossas reais impressões. Imagino as paisagens de Monteiro, aquelas brasileiras que tive oportunidade de apreciar pessoalmente; as copas das arvores se movimentam ao bafejo dos ventos; as nuvens se agitam no véu e a luz do sol corre atrás das nuvens que arremessa. A um determinado momento, de observadores passamos a ser protagonistas, ali debaixo de uma arvore ou correndo numa padaria.
     Neste junho quente de 1997, em Florença, muitas vezes, enquanto ai ao trabalho, avistava o Monteiro dirigir-se, equipado com seu álbuns, lápis e aquarelas, ao quarteirão onde eu moro, para recomeçar as esquinas mais simples (deixo de mencionar os lugares famosos da cidade). Depois, após algum dia apreciava de novo os seus desenhos. “O lugar é o mesmo, exatamente o mesmo, eu imaginava, mas é também algo diferente, outro lugar ou simplesmente um lugar novo”!.
     Concluindo, não pude eximir-me de fazer este paralelismo entre a narração do Borges e a arte do Monteiro. Pergunta-se: talvez seja o próprio Monteiro um dos mágicos custódios do Aleph.

 

Florença, Setembro 1997 – GIANCARLO CANFAILLA
Tradução do italiano por Frei Gennaro Scarpetta O.F.M.



“Sensibilidade e Técnica. A pintura de Júlio Monteiro é isto, com seus macetes e truques ele mostra toda a beleza da paisagem mineira”
Farnese de Andrade (RJ/91)



“A paisagem, tema constante da arte moderna mineira, encontra neste artista um excelente autor que interpreta o campo do triângulo com rara sensibilidade”
Ata dos Trabalhos de seleção e premiação do 1 Salão de Artes Plásticas do Triângulo Mineiro – (Patrocínio-MG/87)



“Quando valerá nossa vida um bosque, ou uma área proxima ao curtume daqui a algum tempo? Quando vai valer uma manga ou um abacate? A resposta, a meu ver caberá à comunidade inteira, não aos poderes públicos. E de certa forma a pintura de Júlio Monteiro nos faz refletir sobre estes problemas chamando nossa atenção para eles através de sua Arte”

Maciej Babinsk ( Araguari-MG / 80 )





“O mestre Maciej Babink ao apresentar o artista certa vez, ressaltou que a pintura de Júlio Monteiro questiona, nos faz refletir sobre coisa cada vez mais raras, que tendem a desaparecer no futuro com o progresso. Longe das Montanhas das Cidades históricas. O artista coerente, maduro, com personalidade própria, retrata a paisagem de nossa região, traduzindo o talento criativo e vigor do Triangulino. Suas paisagens são profundas, abertas para o infinito.”

Celso Queiroz Júnior ( Colecionador ) Uberlândia-MG / 89





“A obra de Júlio C. Monteiro mostram um espírito extraordinariamente sensível; a sua inspiração artística é transbordante, o seu estilo é transparente nas linhas e nas cores. As emoções que infunde, principalmente nas suas paisagens, brotam, de improvisos e rápidos relâmpagos que contem um significado poético e que tem o poder de lembrar aos que os pareciam, de repente, instantes vividos ou sensações recebidas como enfeites sobre a moldura da partitura de um canto.”

Maria Martini ( Arquiteta e Artista Plástica ) Florença ( Itália / 95 )



  

 

 

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