40 anos de Júlio Monteiro


     As telas aquareladas de Julio Monteiro cheiram à terra bruta, têm gosto de manga, vento calmo que dobra as folhas num bailar inusitado, tem pingos de chuva nos galhos das arvores e a luz do sol que ilumina o vai-e-vem dos seus pinceis. Mãos abençoadas que descobrem a presença de Deus em cada partícula da natureza. Júlio Monteiro é como aquele beija-flor que, durante um incêndio na floresta, ia ao córrego buscar uma gota d’água no bico. Não era suficiente para apagar o fogo, mas ele fez sua parte. E nós, o que estamos fazendo? Esta é a reflexão que o trabalho deste notável e iluminado artista nos propõe. E há urgência em pensar nisso. ( por Chico Lúcio - Revista Cult 2008 )

 

    MINHAS FERRAMENTAS


Tenho medo, muito medo
do machado que corta,
da moto-serra que serra,
do veneno que mata,
e do fogo que queima.
Por isso adotei então
a máquina que registra a foto
o grafite que delineia a forma,
o pigmento que com a ajuda do pincel
embala os contrastes em nuances de cores
Cores leves e fortes
que transformam troncos contorcidos,
flores, frutos e pássaros
numa composição admirável.
Coisas que entram para a historia
registradas com emoção, as vezes, com dor.
Coisas que se tornam troféus
Nas paredes de casas, galerias e museus.
Coisas que não se esquece.

por: Júlio Monteiro

 

Galeria de Telas
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